A falta que o riso faz

Vinicius Dantas
1 min readApr 3, 2022

--

Rafaela, hoje com 26 anos, namorou Jorge (da mesma idade) por quatro anos. Conheceram-se na faculdade.

Jorge tinha um segredo: ao sentir prazer sexual, gargalhava. De certa forma, parecia que estavam lhe fazendo cócegas. Não sabia muito bem o porquê. Sua vida amorosa não era fácil.

Alguma coisa encaixou os dois juntos. Foi um bom namoro: respeitoso e intenso. Rafaela, de princípio, estranhou, mas logo o desejo pelo homem fez tudo parecer muito natural.

Infelizmente, nem tudo dura para sempre. As pessoas mudam e o amor não faz sentido. Enfim, separaram-se.

Não se sabe que fim levou Jorge.

À Rafaela restou a falta. De Jorge, talvez, ou das gargalhadas. Não foi difícil encontrar outros parceiros, mas parecia impossível encontrar alguém disposto a estar numa relação em que se deve rir durante o sexo. O riso precisa ser natural, o gozo também. A gargalhada forçada fazia absolutamente todos os homens brocharem em algum momento.

Ela precisava de algum retorno. De uma plateia?

Para não dizer que não houve ninguém, ela encontrou um rapaz que gostava de aplaudir o próprio orgasmo. Parecia parabenizá-la. Mas não era bem de aplausos que Rafaela precisava.

Enfim, Rafaela tornou-se comediante. Não tardou a mostrar-se talentosa no arrancar de gargalhadas.

Sobre sua vida sexual, não soube de mais nada. Nem é da minha conta.

--

--

Vinicius Dantas

Isso aqui começou como um lugar para escrever comédia, mas sabe-se lá o que vai virar. Piadas, crônicas, histórias sobre pessoas que existem na minha cabeça.